segunda-feira, 1 de outubro de 2007
Ciso de c é r!
Uma vez sonhei em montar uma revista. Juntei uns pirados. Tínhamos até nome: Moleque... Triste naufrágio. Mas ficou alguns textos guardados. Um deles é esse poema.
CISO
Ciso filha da puta
Que rasga a carne lá de trás ( sem duplo sentido, por favor)
Que joga no lixo a metáfora bonita
De que crescer é tal e qual
Uma semente germinando.
Lateja desgraçado
Faz eu parar tudo só pra pensar
Em um pedacinho de osso coberto de gengiva
Escondido no fundo da boca
Um pedaço de gengiva que eu nunca tinha reparado
Faz eu achar que crescer é uma merda
E ter certeza de que dói pra caramba
O dente do juízo
E criar juízo dói tanto!
E não serve para muita coisa.
Já nasce para ser arrancado.
Lateja juízo maldito!
Lateja!
Tento escrever um manifesto.
Mas ele não deixa.
Lateja!
Tento escrever um poema.
Mas ele não quer
Lateja!
Tento tomar um analgésico.
Que não resolve nada.
Lateja!
E quando eu durmo no ônibus, babando, acordo, pois a barca faz vibrar o pequeno osso que desponta nesse oceano de carne rosada, feito uma ilha, caco de dente e o monstro acorda levando no nervo direto para minha cabeça a sensação de dor.
Eu não confio em ninguém com 36 dentes
E já estou fazendo quase trinta*.
* Já completei trinta. O ciso continua incomodando pra caramba, não nasceu de todo o que não deixa de ser ilustrativo da minha condição!
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