Desde os tempos em que Cabral pôs os pés na terra abençoada por Deus e bonita por natureza, o Brasil se tornou conhecido por alguns casos de humoristas involuntários.
Da nossa história recente, destaco o trabalho e o empenho de Carla Perez. Hoje, um tanto quanto esquecida, convertida na palavra de Cristo e batalhando para se tornar uma Xuxa em tempos que nem a Xuxa emplaca mais, a ex-dançarina do É o Tchan protagonizou uma obra-prima do humor involuntário no cinema brasileiro. A fórmula: a Gata Borralheira que vira Cinderela do subdesenvolvimento. A tragicomédia não pára por ai e segue feito um bonde desgovernado do roteiro à direção: numa brilhante interpretação, Carla fala das “campanhas demagógicas” contra o trabalho infantil e termina tudo em axé com as crianças libertas. Revolucionária a mocinha. Duas curiosidades bandalhas: Lázaro Ramos teve a felicidade de ocultar esse filme de seu currículo. A outra: “pau que nasce torto nunca se endireita” é um trecho censurado da carta que Pero Vaz escreveu e ninguém teve coragem de comentar a respeito. É um país que vai pra frente. Pelo menos para o desenvolvimento da nossa veia humorística. Ainda que involuntária.
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