quinta-feira, 17 de julho de 2008

30 mais dos bandalhas - álbum nº 03


Legal - Gal Costa

Ela era terrível. O disco abria com os versos do Rei e Gal, nessa época, tinha toda a razão. Ela chamava o ouvinte pro pega pra capar.

Antes de transformar a carreira em qualquer coisa, deixar de ser a intérprete que já foi um dia e publicamente aparecer braços dados com o então dono da Bahia, cujo nome prefiro não colocar aqui no blog com risco de urucubaca, Gal fez discos memoráveis. Legal mostra uma artista ligada ao seu tempo – na construção de um projeto radical na música popular brasileira, de valorização de alguns elementos tradicionais e na experimentação de novas sonoridades, dissonâncias, instrumentos eletrificados, etc. Neste disco, a cantora ousa com vocais que vão da suavidade ao grito. Além disso, Legal conta com um time de músicos porretas: Jards Macalé e Lanny Gordin são alguns dos nomes que figuram na ficha técnica do disco. Sobre Lanny, um pequeno parênteses. Um dos maiores guitarristas brasileiros vivos, Lanny viveu já céu e inferno e hoje segue. Talvez nem tão firme e forte da cachola, mas tocando guitarra com a mesma verve dessa época.

Não só bem acompanhada de músicos, o responsável pela arte do disco é ninguém menos que Hélio Oiticica. Artista plástico fundamental na arte brasileira do século XX, autor dos parangolés e da instalação que deu nome a todo um movimento cultural na década de 60: Tropicália. Não só um deleite para aficionados por capas de bolachões, a capa era a melhor apresentação do trabalho de uma então jovem artista, ousada, refinada e, por que não, pop.

Quer ouvir? Então clica aqui e siga as instruções.

10 comentários:

Anônimo disse...

Legaaal...

Alan Livan Bandalheira disse...

Puxa Bovarrenta... O que você coloca no seu café?!
Que puta texto legal ( ops, desculpe...). De verdade! Esse disco é mesmo fodástico, e o seu texto faz jus a ele. Particularmente não acho que a carreira da Gal virou qualquer coisa,mas também acho que abraçar o Painho da Bahia ( que o inferno o tenha!) foi uma puta bola fora. Só não vou queimar meus discos da Gal como fez nosso amigo Marinho. Lembra?
Continue escrevendo essas resenhas mulher.
A gente agradece!

Thaís disse...

Então vai ouvir a Gal cantando Beatles! É uma maravilha só! Hahaha!

Anônimo disse...

Dentro de uma perspectiva holistica é possível sim entender a obra de Gal como algo que aponte para uma desfragmentação conceitual e uma ruptura paradigmática, entendendo que por se tratar de um país tipicamente subdesenvolvido como este onde o capitalismos tardio é realmente tardio e modus operandi feudais convivem com o que há de mais (pós) moderno, iso se dá de uma forma ciclíca, com invenções se retroalimentando do momento anterior, culminando em um eterno manifestar-se contra e defender o estabelecido. Eis o grande dilema dos tropicalistas nesse começo de milênio.
Sacou?

Anônimo disse...

Poxa, esse disco não é aquele também conhecido como Gal Fatal?

Thaís disse...

Tá, saquei, diógenes. Mas podia ser um tantim menos pernóstico.

Anônimo disse...

Pernóstico?
Como assim? No te gustas la profundidad?

Anônimo disse...

Pernóstico?
Como assim?
Acho que não entendi...

Anônimo disse...

Mas afinal, é ou não é o Fatal?

Anônimo disse...

Dudu, tem um disco da Gal nunca lançado e que algumas gravações vazaram e estão nas mãos de pouquíssimos privilegiados. O disco tinha o nome de Bo-çal.