domingo, 10 de fevereiro de 2008

querido brógue bandalha


Hugo Possolo e Claudinei Brandão em Nada de Novo

Vasculhando o submundo da minha bolsa – notas fiscais, carteira, livro, agenda, moedas do tempo do cruzado novo e, finalmente, a chave de casa – encontrei um pedaço de guardanapo. “Ah, uma sedinha! Que meigo”. Nada. Naquele papel provavelmente roubado do Estadão eis que vejo umas garatujas e tento decifrar. Depois de uma madrugada em claro consigo descobrir o conteúdo do texto. Transcrevo aqui, sem censura, todas as bobagens que um ser humano conseguiu colocar em um espaço tão pequeno:


Raul Barreto em cena de Nada de Novo

Querido brógue,

Hoje foi muito legal. Eu fui no teatrinho com a Thaís, a Laura e o Paulo. Dei muitas risadas descontroladas e quase quebrei a poltrona do espaço Parlapatões tamanha a emoção de paquiderme em surto psicótico. Foi quase como quebrar o bonde de Sta. Teresa. Eu se (sic) emocionei muito, principalmente quando o Raul Barreto disse que eu estava mui bonito com a minha camisa mostarda (eu virei o Mostardão!) e a minha calça de caçador de borboletas azuis do Sri Lanka. Eu só não gostei do comentário que a Thaís fez sobre a minha cara raspada, porque isso é de muito mau gosto e as pessoas que lêem este brógue podem não gostar (ela disse que eu fico com cara de chupador de buceta). Mas voltando pros Parlapas. Eu vi duas pecinhas: Proibido pra Menores e Nada de Novo. Foi muito legal, eu repito. O Proibido tem uma assembléia dos cabeção (sic) que usa roupa de parque de diversão (a professora vai gostar da rima!) e eu se (sic) identifiquei muito com as lideranças do movimento dos cabeção (sic). Gente honesta e trabalhadora. Tem também a cena dos dedinhos da Eliana e eu não sei por que começaram a reclamar depois, só porque eu brincava de enfiar o dedinho lá, dar o Giroflex, tirar o choquito e dar uma provadinha. É tão gostosim. A gente quase foi expulso. Depois de comer uma pizza no restaurante fictício da Thatoca, a gente viu Nada de Novo. Dessa vez sem a presença da Laura e do Paulo. Eu quase entreguei meus órgãos do aparelho digestório, respiratório e sexuatório de tanto dar risada. Ai eu quebrei mesmo a poltrona e ainda dei uma cabeçada punk no japonês que sentava atrás de mim. Como o japa tinha uma paciência zen budista, ele agradeceu a cabeçada, desmaiou e o espetáculo seguiu. Mais tarde apareceu uma ambulância e o japa foi levado pro hospital com traumatismo craniano. Nada grave, tá gente. Ah, sim, os Parlapas! Tem uma cena em que o Craudinei, meu ídalo, come bombril e sabão em preda (sic). Irado. E a dublagem que o Hugo Possolo faz do Gil Gomes! No final eu não resisti e fui correndo pro camarim abraçar o Craudinei (é difícil mas eu consegui dar a volta em toda aquela circunferência). Eu disse que era fã dos Parlapas e ouvi um "É? Foda-se!". Não era o Hugo tirando da minha cara. Olhei pra trás e vi a Thatoca, essa menina má, com o dedo do meio em riste pra mim e dizendo palavras de baixo calão. Feia. E o Craudinei, meu ídalo, ficou rindo da minha cara. Tudo bem. Mas depois de tudo isso eu pensei e falei pra minha mãe Dona Loica Zaroia Livão que quando eu crescer eu quero ser parlapatão, patife e paspalhão. E bandalha também.

Alão Livão Caramujo

Pra quem quiser ver, ai vai a programação:

Parlapatões, Sortidos e Variados
Proibido para Menores - sexta 21h e sab 24h
Nada de Novo sexta - 24h
Um Chopes Dois Pastel e uma porção de bobagem - Sáb 19h
Prego na Testa - Sáb 21h30
U Fabuliô - Dom 20h
Peças de 1 minuto - Qui 21h

Pra molecada:
O Bricabraque - Sab 16h
Clássicos do Circo - Dom 16h

O Espaço Parlapatões fica na Praça Roosevelt, 158 - Centro