domingo, 22 de junho de 2008

Quem nunca escreveu um diário na vida? Bom, sei, sei, muitos não escreveram. Mas outros tantos o fizeram e alguns até conseguiram descolar uns trocos com isso.
Jovens que por conta das agruras do mundo sofreram muito, mas tiveram coragem e disposição para escrever tudo o que viveram, snif. E dá-lhe Anne Frank e seu diário escrito em um cubículo em plena época nazista, e dá-lhe Nina com seu sofrimento causado pelo Stalinismo. Tudo isso regado à problemas típicos da adolescência.
Isso sem falar nos diários de Luluzinha e Mafalda. Pensando nisso tudo é que esse blog corajosamente vai começar a publicar, talvez semanalmente, esse diário, que roubamos de um jovem militante e o trazemos em primeiríssima mão!



10 de junho
Diário, camarada de lutas e aflições.
Hoje meu pai quis me encher o saco por que eu fico escrevendo em você. Falou que eu mais pareço “uma daquelas garotinhas que escrevem um Querido Diário” Pobre alienado. Ignora que Lênin, Trotsky e Che também tinham os seus diários. Mas não é por isso que eu resolvi te escrever. Na verdade ando em crise com minha mãe. Ela anda estranha e eu acho que a culpa é minha. Bom, culpa é um troço meio cristão, então corrigindo, eu acho que a responsabilidade pode ser minha. É que desde que eu trouxe uma brochura produzida pela Comissão de Mulheres da minha organização aqui para casas, minha mãe tem agido de um jeito esquisito. Não quer mais pôr comida no prato para mim, não arruma mais minha cama e tem falado até que eu deveria lavar minhas próprias roupas. Sei que a emancipação das mulheres é uma tarefa integrante da revolução, mas não precisamos exagerar. Ela diz que nem leu o tal livrinho e que na verdade está é com o saco bem cheio de mim, isso sim, mas eu não sei não. Depois que li uma frase do Lênin dizendo que “o Partido é a desconfiança organizada” aprendi a desconfiar de todo mundo. Por via das dúvidas escondo todas as publicações feministas que tinha comigo. Se Engels que era o Engels não socializou suas fábricas, por que é que logo eu vou fazer uma revolução feminista só na minha casa?

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