Carta aos amigos da Dona Bandalha
Fazer arte no Brasil é antes de tudo um desafio. A metáfora batida de matar um leão por dia aqui ganha uma conotação de quase realidade.
Já vai fazer nove anos desde a primeira vez que eu subi em um palco cantando Coisa interior, mais conhecida como Puta cara podre, ou simplesmente “a música do peido”. De lá pra cá, aos trancos e barrancos vim tentando fazer arte, construir um coletivo que misturasse arte, música e o que mais pintasse, para fazer humor. Nessa apresentação o nome que eu pretendia para o projeto era Qualquer coisa. Mas a galera que foi aparecendo nas esporádicas apresentações batizou a bagunça de Bandalheira. Ano passado mudamos o nome para Dona Bandalha.
No começo era apenas uma brincadeira informal, depois virou um grupo com formação fixa e apresentações mais regulares e nos últimos tempos pretendíamos nos transformar (pelo menos alguns de nós) em um grupo de prática e produção artística.
Não consegui conquistar plenamente o que sonhava alcançar com o grupo. Acredito mesmo que tínhamos potencial para ir muito além. E falo isso baseado na recepção que percebíamos nas nossas apresentações e o quanto crescíamos em nossos ensaios.
Por outro lado, esse tempo todo de convivência e de ação em comum foi muito especial. Participamos de alguns festivais, viajamos juntos, sonhamos um bocado. Muitas, muitas histórias. Um dia paro para contar todas elas.
Eu sempre sonhei em fazer parte de uma banda, de um grupo de teatro, de uma trupe, de uma gangue de lunáticos. E a Bandalheira/Dona Bandalha foi tudo isso e muito mais. Feliz daquele que pode participar de algo assim. E eu sou muito feliz, pois pude participar disso ativamente.
Quando soube que o grupo tinha acabado, sentei em minha cama e chorei.
Depois com calma pude perceber que o melhor que poderia acontecer naquele momento era isso. Pararmos, nos separarmos. Cada um seguir o seu caminho. Suas criações. Seus sonhos.
Continuamos amigos.
Continuamos sonhando fazer arte.
No meu caso, continuo sonhando fazer humor.
Quem sabe um dia, junte outros malucos para misturar música, teatro ou qualquer outra linguagem artística para fazer humor...
Ou isso ou qualquer outro projeto...
Por enquanto vou voltar ao meu laboratório.Voltar a toca. Trocar de pele.
Estudar. Pensar. Refletir. Escrever. Pesquisar. Criar os instrumentos necessários para o próximo ataque.
Por fim, uma última coisa, óbvia mas que não pode deixar de ser dita:
A Bandalheira/Dona Bandalha acabou, mas o espírito Bandalheira continua vivo. Firme e forte.
Abraço forte a todos os amigos e amigas que acompanharam a mim e os outros bandalhas nessa jornada
Até uma próxima
Nos vemos por aí, com certeza.
Alan Livan
PS: Agradecimento especial aqueles que em algum momento fizeram parte da Dona Bandalha: Cláudia Cascarelli, Alexandre Riviello, Marcelo Correia, Guilherme Telles, Beto Bellinati, Kelly Castro, Denise Raquel, Milene Valentim Ugliara, Alex Minoru Sidney, Renato Muraka ( Picachu), Akira Sanoki, Samir, Daniel Feldman, Felipe, Luciano Com Certeza, Diogo, Cézinha, Nilva Luz e Caio Dezórzi.
E a força sempre fundamental de Alessandra Araújo,Alexandre Linares, Bira, Camila Andrade, Cique, Fabiano Wenkoff, Fujita, Arthur Ivan Araújo, Loide Oliveira, Luiza Biondi, Naira Poloni, Priscilla Lemos, Fabi Jabur, Tainá Chiamarelli e Vivi Jabur.
sábado, 30 de agosto de 2008
Dona Bandalha acabou!
Por motivos técnicos, não haverá mais apresentação no IA da Dona Bandalha
no dia 06/09 e nem em qualquer outro dia.A idéia é simplesmente beber a defunta sem uma última apresentação mesmo. Quando formos fazer isso a gente dá um toque.
Agradecemos a todos pelas mensagens de condolência, flores, telegramas
sobre a morte da Dona Bandalha.
Garantimos que agora ela passa bem e e está tomando umas biritas na
companhia da Dercy Gonçalves.
no dia 06/09 e nem em qualquer outro dia.A idéia é simplesmente beber a defunta sem uma última apresentação mesmo. Quando formos fazer isso a gente dá um toque.
Agradecemos a todos pelas mensagens de condolência, flores, telegramas
sobre a morte da Dona Bandalha.
Garantimos que agora ela passa bem e e está tomando umas biritas na
companhia da Dercy Gonçalves.
sábado, 9 de agosto de 2008
Ska de olho puxado
Tokyo Ska Paradise Orchestra é uma das mais conhecidas big bands orientais por essas terras. É uma das referências de bandas como os brasilienses Móveis Coloniais de Acaju.
Assistam e se joguem. Até mesmo porque hoje é sábado.
Assistam e se joguem. Até mesmo porque hoje é sábado.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Once upon a time
Dona Bandalha estava ocupada durante o primeiro semestre, preparando um novo espetáculo. A proposta, mantida em segredo nem tão segredo pelos bandalhas, era um mergulho no universo de Macunaíma, de Mário de Andrade. Muitas eram as descobertas, novos personagens começavam a ganhar contorno e cresciam à medida que os ensaios progrediam.
Depois de uma maratona de ensaio de 8 horas num sábado, os bandalhas Thaís e Alan foram descansar e ver Jogando no Quintal lá na casa do caraleo, como foi relatado aqui neste brógue. Qual a surpresa em que eu, dia desses, descobri o vídeo do dia em que fomos ver o povo do Clube de Regatas Cotoxó com a improvisação feita em cima de um tema proposto pelo Alan: Saravá Macunaíma, hoje é seu aniversário!
Nem preciso dizer que nós fomos ao delírio e saímos felizes mesmo com a garoa e a ameaça de um possível ataque da gangue de playboys do Alto de Pinheiros. Achamos que era um presságio, que Mário de Andrade tinha dado uma piscadinha para nós lá do alto.
Meses depois a Dona Bandalha teve um ataque apoplético e a gente sabe o resto. O fim da história mesmo vai acontecer dia 30, no Instituto de Artes da UNESP e todos os leitores estão convidados a beberem a defunta.
Depois de uma maratona de ensaio de 8 horas num sábado, os bandalhas Thaís e Alan foram descansar e ver Jogando no Quintal lá na casa do caraleo, como foi relatado aqui neste brógue. Qual a surpresa em que eu, dia desses, descobri o vídeo do dia em que fomos ver o povo do Clube de Regatas Cotoxó com a improvisação feita em cima de um tema proposto pelo Alan: Saravá Macunaíma, hoje é seu aniversário!
Nem preciso dizer que nós fomos ao delírio e saímos felizes mesmo com a garoa e a ameaça de um possível ataque da gangue de playboys do Alto de Pinheiros. Achamos que era um presságio, que Mário de Andrade tinha dado uma piscadinha para nós lá do alto.
Meses depois a Dona Bandalha teve um ataque apoplético e a gente sabe o resto. O fim da história mesmo vai acontecer dia 30, no Instituto de Artes da UNESP e todos os leitores estão convidados a beberem a defunta.
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
É isso mesmo que vocês estão lendo!
Faremos uma última apresentação da Dona Bandalha no dia 30 de agosto e finito.
Não é uma jogada de marketing para promover uma apresentação.
Realmente acabou.
Casamentos acabam (imagina então um casamento entre seis pessoas, fora os agregados).
O Beatles acabaram (claro que a gente é bem melhor que eles, né?)
A Sandy Jr acabou.
Até mesmo a Dercy morreu.
Chegou a vez da Dona Bandalha!
Gostaríamos muito de ver todos os amigos reunidos nessa última apresentação. E aqueles que sempre prometem ir assistir, aproveitem, pois essa é a derradeira.
O Marcelo Correia que foi integrante da Dona Bandalha por bastante tempo também estará presente na apresentação.
Venham assistir e depois a gente cola em algum lugar pra beber a defunta.
Última apresentação da Dona Bandalha
Sábado Dia 30 de agosto de 2008 às 20hs
No Instituto de Artes da Unesp
Rua Dom Luis Lasagna 400
Esquina com a Av Nazaré.
Próximo a Itoró veículos.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
domingo, 27 de julho de 2008
Qual o prato do dia? Dona Bandalha? Ueba!!
Dona Bandalha foi o prato principal do Projeto Macarronada Cultural organizado pela Cia X na Casa de Cultura Cora Coralina.
Apresentamos o espetáculo Brinquedo de Montar Brinquedo. Como prato de entrada uma oficina bem bacana dada pelo grupo Alma.
Depois da apresentação trocamos algumas idéias com a galera presente sobre o espetáculo e o grupo.
Foi tudo tão gostoso quanto a lasanha que serviram para nós no local.
Vejam as fotos da bandalha toda clicando aqui. Em breve colocaremos no blog um trecho da apresentação.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
quinta-feira, 24 de julho de 2008
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Carol Bezerra, banda Chora que passa e a emoção de (re)conhecer Aracy de Almeida
Gente, quem foi ver o show Aracy de Samba e de Almeida, domingo na choperia do Sesc?
Eu fui! E fiquei extasiado. Lindo, lindo, lindo...Incrível como conseguiram unir coisas tão diferentes no palco, em perfeita sintonia. Delicadeza, sutileza, refinamento convivendo com agressividade, aspereza. A beleza da voz de Carol Bezerra,sua teatralidade forte, os músicos que a acompanhavam, os textos. Tudo com muito vigor e sem virtuosismos baratos.
Infelizmente não há previsão para outra apresentação desse espetáculo tão cedo.
Felizmente em breve estreará o espetáculo Tom e Vinícius! O musical!! em que Carol Bezerra interpretará Elizeth Cardoso entre outros personagens.
Vamos aguardar
Entrem na comunidade Carol Bezerra no Orkut.
Como ela mesma disse no palco, "fazer arte no Brasil é realizar um trabalho de formiguinha".
As fotos abaixo foram tiradas pela Priscilla Lemos
Aracy de samba e de Almeida
Carol, teatro+música=expressão
A banda Chora que passa. Fantásticos
Carol e um dos músicos!
Eu fui! E fiquei extasiado. Lindo, lindo, lindo...Incrível como conseguiram unir coisas tão diferentes no palco, em perfeita sintonia. Delicadeza, sutileza, refinamento convivendo com agressividade, aspereza. A beleza da voz de Carol Bezerra,sua teatralidade forte, os músicos que a acompanhavam, os textos. Tudo com muito vigor e sem virtuosismos baratos.
Infelizmente não há previsão para outra apresentação desse espetáculo tão cedo.
Felizmente em breve estreará o espetáculo Tom e Vinícius! O musical!! em que Carol Bezerra interpretará Elizeth Cardoso entre outros personagens.
Vamos aguardar
Entrem na comunidade Carol Bezerra no Orkut.
Como ela mesma disse no palco, "fazer arte no Brasil é realizar um trabalho de formiguinha".
As fotos abaixo foram tiradas pela Priscilla Lemos
Aracy de samba e de Almeida
Carol, teatro+música=expressão
A banda Chora que passa. Fantásticos
Carol e um dos músicos!
sábado, 19 de julho de 2008
Não sei vocês, mas eu chorei um tanto... José Saramago e Meireles. Emocionante!
José Saramago e Meireles logo após assistirem a adaptação para o cinema de Ensaio sobre a cegueira!
Por um momento tudo para.A gente se dá o direito de se emocionar e acreditamos que sim o combate é duro, mas que vale a pena!
Lindo, lindo...
Que coisa bonita!
Meireles está com sua passagem por esta vida ganha, né? E como Saramago tem um desprendimento, nada dessa coisa egoica de alguns. Se emociona diante do tratamento que Meireles deu a sua obra.
Adeus Dercy Gonçalves!
Meu irmão me ligou dando a notícia. Dercy se foi.
Depois de toda uma trajetória dedicada ao humor, ela vai descansar.
Pra gente que se prpõe a pesquisar e a fazer humor ver a Dercy atuando valia por uma aula.
Abaixo um trechinho de um filme de 1957, cahamado "A baronesa transviada". A capacidade de expressaõ dessa mulher a coloca no rol dos grandes humoristas, sem dúvida!
Descanse bem Dercy!
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Aracy de Samba e de Almeida! Imperdível!
Dá dez paus pra ele!Pois é... É essa figura estranha que surge em nossas mentes quando ouvimos o nome Aracy de Almeida. A velhinha sorumbática jurada do Silvio Santos. Mas ela foi muito mais que isso. Interpréte fascinante que proporcionava a cada canção um brilho único. Isso sem falar no repertório... Dela Noel Rosa falou: "Aracy de Almeida é, na minha opinião, a pessoa que interpreta com exatidão o que eu produzo".
Sempre fui fascinado pela figura dessa mulher.
Nos primeiros materiais do nosso grupo, na época que ainda atendíamos pela alcunha de Bandalheira, dizíamos que éramos uma mistura de Aracy de Almeida com Frank Zappa.
Carol Bezerra encara o desafio de encarnar essa personagem.O show criado por Carol Bezerra integra seu projeto Chora que Passa, cuja proposta é desenvolver shows com repertório brasileiro samba, choro e maxixe com performances cênicas homenageando compositores e intérpretes da música brasileira na década de 30.
E nesse domingo(20/07) dá pra ver isso de graça!
Às18 horas, na choperia do Sesc Pompéia show "Aracy de Samba e de Almeida".
Pra ver um pouquim...
quinta-feira, 17 de julho de 2008
30 mais dos bandalhas - álbum nº 03
Legal - Gal Costa
Ela era terrível. O disco abria com os versos do Rei e Gal, nessa época, tinha toda a razão. Ela chamava o ouvinte pro pega pra capar.
Antes de transformar a carreira em qualquer coisa, deixar de ser a intérprete que já foi um dia e publicamente aparecer braços dados com o então dono da Bahia, cujo nome prefiro não colocar aqui no blog com risco de urucubaca, Gal fez discos memoráveis. Legal mostra uma artista ligada ao seu tempo – na construção de um projeto radical na música popular brasileira, de valorização de alguns elementos tradicionais e na experimentação de novas sonoridades, dissonâncias, instrumentos eletrificados, etc. Neste disco, a cantora ousa com vocais que vão da suavidade ao grito. Além disso, Legal conta com um time de músicos porretas: Jards Macalé e Lanny Gordin são alguns dos nomes que figuram na ficha técnica do disco. Sobre Lanny, um pequeno parênteses. Um dos maiores guitarristas brasileiros vivos, Lanny viveu já céu e inferno e hoje segue. Talvez nem tão firme e forte da cachola, mas tocando guitarra com a mesma verve dessa época.
Não só bem acompanhada de músicos, o responsável pela arte do disco é ninguém menos que Hélio Oiticica. Artista plástico fundamental na arte brasileira do século XX, autor dos parangolés e da instalação que deu nome a todo um movimento cultural na década de 60: Tropicália. Não só um deleite para aficionados por capas de bolachões, a capa era a melhor apresentação do trabalho de uma então jovem artista, ousada, refinada e, por que não, pop.
Quer ouvir? Então clica aqui e siga as instruções.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
terça-feira, 15 de julho de 2008
ZÉU BRITO AMOR DE FOLHEADO
Pedi coxinha tive empada,pedi joelho tive kibe,pedi suco tive agua,pedi doce tive salgado,e ainda comi um dobrado,na dobradinha o arroz,no japones o fejão,a feijoada sem grão,a salada sem graça,pedi cerveja tive cachaça,pedi queijo tive ricóta,pedi inteiro vc corta,ai naum sai daqui que eu não quero nada,o guaca mole ta muito duro,a torta ta muito certa,a conta subiu na treva,eu chamo vc nem olha eu pago e você nem leva.
E isso é só o texto introdutório da canção. Gênio maluco... E permanece a dúvida... O que esse cara toma pra fazer essas músicas, háhá!
Publicamos aqui no Blog há um tempinho atrás o vídeo do Repórte Inexperiente, personagem de Danilo Gentilli entrevistando Padre Marcelo Rossi. O humilde Rossi como bom padre perdoou Gentilli, graças a deus! E Gentilli como bom humorista que é "não perdoou" o padre em um texto hilário que publicamos logo abaixo.
O texto foi tirado do blog do rapaz que é sensacional, assim como o seu site.
Pra conhecer os dois é só clicar nos endereços abaixo
http://danilogentili.zip.net/
http://www.danilogentili.com/
"O Padre Marcelo disse no último sábado para o site Terra que me perdoou, pois esta é sua missão. Eu sempre achei que a sua missão era aquela missa que ele faz com mais de três horas de duração. Perdoai minha ignorância.
É que em toda minha estupidez moral, social e teológica, nunca encarei o perdão como missão e sim como obrigação de todos, seja padre, pai-de-santo ou um simples civil como eu. Confesso que me acho falho, sujo e pecador, obrigado a conviver com pessoas nas mesmas condições, por isso até então nunca tinha conseguido enxergar o perdão como missão e sim como única opção. Perdoai minha ignorância.
Mas sou grato ao Padre que além de perdão me deu algo ainda mais valioso: ensinou que com religião não se brinca. Eu errei por não conhecer a verdade. Eu achava que o Marcelo Rossi fosse apenas um padre. Não sabia que ele era uma religião. Se eu soubesse jamais teria brincado com ele. Tanto é que sei que o catolicismo é uma religião, por isso não brinquei com isso. Perdoai minha ignorância.
Confesso que no fundo, as vezes tive vontade de brincar com religião, pois pensava que a religião, assim como as festas folclóricas, os rituais de tribos, as manifestações culturais, a política, fossem coisas criadas pelos homens, e pra mim, se algo foi criado pelo homem, esse algo é falho. E se algo é falho, é digno de crítica, de análise, de humor, de comédia e de questionamento. Perdoai minha ignorância.
Eu também já quis me dar ao direito de não respeitar todas as coisas criadas pelo ser humano (como a religião por exemplo), da mesma forma que o ser humano não respeita as coisas criadas por Deus (como os animais, o planeta e a capacidade única do homem de não levar a sério as coisas idiotas que ele mesmo cria, como por exemplo, a religião). Perdoai a minha ignorância.
Hoje reconheço que religião realmente é um assunto sério. Um assunto tão sério que já provocou a morte de milhares de pessoas no decorrer da história. Com morte não se brinca. Perdoai minha ignorância.
Por falar em ignorância, peço que os amigos evangélicos sigam o exemplo do nobre padre e por favor me perdoem também. Quando eu fiz essa matéria, na Marcha pra Jesus, só queria tirar umas dúvidas, não quis ofender. Mas acho que errei ao questionar a integridade de alguém que fez o contrário do que prega. Eu não sou ninguém pra julgar alguém que se julga escolhido de Deus. Perdoai minha ignorância.
Obrigado Congresso Nacional. Vocês também me perdoaram essa semana. Obrigado por perdoar eu ter sido expulso e barrado por vocês.
E antes de finalizar que fique claro que eu também andei perdoando por aí. Eu disse pro presidente da Câmara, por exemplo, que no local onde trabalho, ele poderia entrar quando quisesse.
Mas confesso que dessa vez não perdoei por obrigação, por missão e nem por falta de opção. Eu perdoei só pra tentar dizer que minha atitude com ele era superior à atitude que o Congresso teve comigo. Quis meio que sair por cima. Dar uma bofetada com luva de pelica. Peço perdão pela sinceridade. Confesso que ainda não aprendi a lição do padre que é perdoar e sair anunciando por aí que perdoou apenas por ter muita humildade... humildade... humildade...
E se você viu alguma coisa no post acima que não gostou, acho que tem uma missão pela frente.
Ah!
Obrigado a todos vocês que votaram para nossa volta ao Congresso. Já vocês que não votaram... tudo bem, eu perdôo."
Danilo Gentilli"
Aquele abraço de Eduardo Galeano
Eduardo Galeano é um dos meus escritores preferidos. Fico imaginando como é o Uruguai, sua terra natal, pois tão pouco nos chega desse país que é tão perto.
Mas graças aos deuses, nos chega os textos desse escritor, libertário e combatente. Escritor entre outros livros do clássico "As veias abertas da América Latina".
Um livro dele maravilhoso é "O livro dos abraços" em que ele manda idéias vigorosas, poéticas, lirícas e contudentes em textos curtos. Para serem recebidos aos poucos.
Abaixo publico dois deles, e quando for possível, mando mais alguns abraços
A desmemória/1
Estou lendo um romance de Lousie Erdrich.
A certa altura, um bisavô encontra seu bisneto.
O Bisavô está completamente lelé (seus pensamentos têm a cor da água)e sorri com o mesmo beatífico sorriso de seu bisneto recém-nascido. O bisavô é feliz porque perdeu a memória que tinha. O bisneto é feliz porque não tem, ainda, nenhuma memória.
Eis aqui, penso, a felicidade perfeita. Não quero.
A desmemória/2
O medo seca a boca, molha as mãos e mutila. O medo de saber nos condena a ignorância; o medo de fazer nos reduz a impotência. A ditadura militar, medo de escutar, medo de dizer, nos converteu em surdos e mudos. Agora a democracia, que tem medo de recordar, nos adoece de amnésia; mas não necessita ser Sigmund Freud para saber que não existe tapete que possa ocultar a sujeira da memória.
Viajando um pouquim
As idéias vão aparecendo uma a uma. Chegando sem cerimônia aqui em casa.Qual delas? Se insinuando. Olha lá, tem uma fugindo pelo buraco do rato. Pega ela pelo rabo e puxa aqui pra fora. Será que é essa?
Tem que ser uma bem suculenta, que alimente tantas vontades.
Eitcha, que os próximos dias serão decisivos...
Helena carne e osso
Se há uma atriz brasileira que pode ser colocada no mesmo patamar de Anna Karina, essa mulher é Helena Ignez.
Se há algum tipo de interpretação no cinema que podemos chamar de paradigmática, de interpretação no cinema moderno brasileiro, livre, leve, solto, posso afirmar que é a dela. Infelizmente há poucas discípulas de Helena. De mulheres que sabem que são bonitas, loiras nada burras e acima de tudo sabem que tudo isso é nada, que o que vale a pena é rir e zombar dos outros. O que vale é saber rir de si mesma dando baforadas no charuto.
Não é à toa que Rogério Sganzerla, parceiro de Helena quase toda vida, dedicou um filme inteiro a ela. E fodam-se teorias contra cinema novo e elogios a Orson Welles. O que vale em A Mulher de Todos não são os planos, os enquadramentos, o nonsense, Jô Soares chupando um imenso inflável boiando na praia. O que vale é a mulher amada por todos e por um homem só.
Mais sobre ela aqui. Quem estiver em São Paulo, delicie-se com a mostra "A mulher do bandido" realizada na melhor sala de cinema da cidade, o Cinesesc. É de graça. Além dela vocês podem conferir o trabalho de caras como Joaquim Pedro de Andrade, Glauber Rocha, Roberto Pires, Bressane e Sganzerla, claro.
Segundo Helena o bandido em questão é o cinema. Um dos maiores e mais procurados do século XX.
Agora eu me dedicar aos boçais.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Uma carta para M.
Paulicéia Desvairada, 14 de julho de 2008
M. querido,
Parece que a aventura termina por aqui. Depois de tanto pelejar, cansei da brincadeira de capitão do mato. Que não é minha vocação, bem sei. Nós nos encontramos com sabor de maresia no Rio de Janeiro, chopp e cerveja na praia. Distantes da nossa terra querida, a São Paulo da garoa. Confusa. Cinzenta. Arlequinal. Te encontrei sem desespero, briga de foice, o que seja. Agora vamos nos despedir depois de meses intensos brincando, brincando e brincando com o seu rebento. Me propus a encontrar a muiraquitã e...porra Mário! Ela sempre esteve com a gente.
Menino, ainda voltarei à sua casa, na Barra Funda, para um café passado na hora, uns pães franceses e margarina. Pode me esperar. Onde quer que você esteja, mande a sua estrela brilhar por mim e meus filhotes, os bandalhas incansáveis à procura de um espetáculo.
Ah, M. Esqueci. Você é mais que estrela.
É constelação.
Abraços apertados e um beijo desavergonhado da sua cunhã
Dona Bandalha
M. querido,
Parece que a aventura termina por aqui. Depois de tanto pelejar, cansei da brincadeira de capitão do mato. Que não é minha vocação, bem sei. Nós nos encontramos com sabor de maresia no Rio de Janeiro, chopp e cerveja na praia. Distantes da nossa terra querida, a São Paulo da garoa. Confusa. Cinzenta. Arlequinal. Te encontrei sem desespero, briga de foice, o que seja. Agora vamos nos despedir depois de meses intensos brincando, brincando e brincando com o seu rebento. Me propus a encontrar a muiraquitã e...porra Mário! Ela sempre esteve com a gente.
Menino, ainda voltarei à sua casa, na Barra Funda, para um café passado na hora, uns pães franceses e margarina. Pode me esperar. Onde quer que você esteja, mande a sua estrela brilhar por mim e meus filhotes, os bandalhas incansáveis à procura de um espetáculo.
Ah, M. Esqueci. Você é mais que estrela.
É constelação.
Abraços apertados e um beijo desavergonhado da sua cunhã
Dona Bandalha
sábado, 12 de julho de 2008
sexta-feira, 11 de julho de 2008
10 de setembro
Ai minha cabeça! Existe no mundo coisa mais moralista do que ressaca? Moralismo totalmente pequeno burguês...
Segundona braba. Eu estirado na cama com vergonha do mundo...
Fim de semana teve o Congresso Nacional da organização revolucionária de jovens que eu faço parte. Discutíamos os próximos passos da nossa luta e coisas assim. Meu primeiro encontro nacional... A noite na escola em que estávamos acampados realizando o encontro houve uma festinha improvisada. Enquanto a coisa rolava descobri que em uma das salas de aula transformadas em quarto estava acontecendo um Congresso paralelo. Um congresso da Cuc. A gloriosa Cuc, como eles diziam. Central única dos Cachaceiros. E o Congresso seria pra decidir quem seria o presidente da entidade (depois descobri que todo encontro nacional que junta jovens militantes acontece um congresso igual). Chapas inscritas, o pleito é decidido de uma forma que de fato honra o nome da entidade. Os candidatos bebem cachaça até agüentar. O último que cair é o presidente. Entrei na disputa e bebi, bebi, bebi... ai acho que vou vomitar de novo...
Bom, os candidatos foram sendo eliminados um a um, e eu lá, firme e forte. Até que sobrou só eu! Escutava a galera gritando meu nome. Levantei os braços qual um Rock Balboa da aguardente.Ia gritar “Sou o novo presidente da Cuc!” Mas a frase ficou pela metade. Dei dois passos pra frente e Puf! Dei de cara no chão. Arrebentei o supercílio!
A brincadeira acabou no hospital. O mesmo onde outros candidatos também foram pra tomar glicose. Voltei ao Congresso no domingo com cinco pontos acima do olho. Um curativo e a galera me sacaneando dizendo que eu era o presidente da Puf, de cara no chão. Meus pais não querem me deixar participar de nenhuma outra atividade, pois acham que eu apanhei da repressão.
Ai, vou mesmo ter que vomitar...
Marcadores:
Diário de um jovem revolucionário
Alô, Liberdade
Fico imaginando até que ponto o que ouvimos na infância influencia pro resto de nossas vidas. Fiquei pensando isso depois de escutar com mais atenção a trilha sonora dos Saltibancos Trapalhões. Uma canção em particular me chamou a atenção: Alô Liberdade. Como é que o Chico conseguiu colocar uma mensagem com tamanha força assim, num filme com livre acesso pras crianças, que iria passar algumas vezes na Sessão da Tarde da Rede Globo...
Falando assim, de forma tão precisa, na época da Ditadura Militar (já caindo de podre é verdade, mas ainda uma ditadura...). "Os galos tão Cansados de cantar" e "Como é, liberdade .../Vou ter que requentar/O teu café" remetem diretamente mas com forte carga poética, a questão da liberdade que falhava e tardava.
Puxa...
E na voz da Bebel então...
Não é possível que isso não tenha contribuído muito para boa parte da minha maluquice na vida adulta.
Alô, Liberdade
Alô, liberdade
Desculpa eu vir
Assim sem avisar
Mas já era tarde
E os galos tão
Cansados de cantar
Bom dia, alegria
A minha companhia
Vai cantar
Sutil melodia
Pra te acordar
Quem vai querer tocar trombeta
Pem pererém pererém
Pempem
Quem vai querer tocar matraca
Tracatracatraca
Tracatraca
Quem vai de flauta e clarineta
Fi firiri
Firiri fifi
Quem é que vai de prato e facaa
Taca cheque taca
Chequetaca checá
Quem vai querer sair da banda
Pan pararan
Pararan panpan
Hoje a banda sairá
Alô, liberdade
levante, lava o rosto
Fica em pé
Como é, liberdade ...
Vou ter que requentar
O teu café
Bom dia, alegria
A minha companhia
Vai cantar
Em doce harmonia
Pra te alegrar
Quem vem com a boca no trombone
Pom pororom
pororom pompom
Quem vem com a bossa no pandeiro
Chá carachá
Carachá chachá
E quem toca só toca telefone
Trim tiririm
Tiririm trimtrim
E quem só canta no chuveiro
Trá tralalá
Tralalá lalá
Quem vai querer sair na banda
Pan panpan
Hoje a banda sairá
Laiaralaialaialaiá
Hoje a banda sairá
Olá, liberdade!
quarta-feira, 9 de julho de 2008
domingo, 6 de julho de 2008
Pierre Mendell
O Rapto de Lucrécia
Designer alemão, criador de cartazes fabulosos que seguem a máxima de "menos é mais". Coloco pra vocês alguns exemplos de cartazes de ópera feitos por ele.
Falstaff
Mais sobre o velhinho porreta aqui
Don Carlo
sábado, 5 de julho de 2008
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Ay caramba!
A madrugada começa e nada melhor que uma dessas bandas gigantescas com naipe de sopros que a gente tanto ama. Trilha sonora dos moradores da Lord, Ska Cubano tem aquilo tudo que só as ilhas caribenhas podem oferecer. Ska (óbvio), calipso, merengue, salsa e por ai vai.
Se gostarem, baixem o álbum Ay Caramba!
A noite está só começando...
OBS: A recomendação é do pirata e discípulo de Hakim Bey, Alexandre Linares.
Papacho Quispe - Humahuaca Trio(Tinku)
Continuamos nossa tour pela América Latina, pelo menos pela sua música.
Alexandre Linares, nosso sócio em idéias alucinantes, além de rato de sebo e viciado em celulose, é rato de internet. Em suas fuçadas descobriu esta maravilhosa banda boliviana. O som, as cores, a energia, a forma como eles se apropriam da cultura local para recriá-la, tudo isso é fascinante.
Valeu Alê por mais esta dica.
Alexandre Linares, nosso sócio em idéias alucinantes, além de rato de sebo e viciado em celulose, é rato de internet. Em suas fuçadas descobriu esta maravilhosa banda boliviana. O som, as cores, a energia, a forma como eles se apropriam da cultura local para recriá-la, tudo isso é fascinante.
Valeu Alê por mais esta dica.
30 mais dos bandalhas - álbum nº 02
Pra baixar esse disco clique no link e siga as instruções!
ripasemdó
Benedito, João do Santo Silva Beleléu vulgo nego dito fez seu debut com Beleléu, Leléu, eu e Banda Isca de Polícia. Com a participação de pessoas como Vânia Bastos, Itamar brincava com tudo, colocava a música do avesso, fazia parecer muito fácil aquele tipo de cantar quase falado e deixou algumas pérolas já neste álbum de estréia como Se eu fiz tudo, Fico Louco, Luzia, Baby, etc e tal.
Foi assim que Itamar se apresentou para o mundo. Ou para o mundo da MPB. Era só o começo.
Foi mais ou menos assim que eu descobri Itamar, por meio de Beleléu. Deu aquela estranheza inicial e a vontade de ouvir aqueles 30 minutos do CD de novo, com mais atenção e bem...desde então corri atrás de tudo o que o cara fez. O que não era pouca e sempre boa coisa. Ele fez interpretações personalíssimas de Ataulfo Alves, cantou em 3 volumes com as Orquídeas do Brasil, gravou (e tretou, ao que parece) com Naná Vasconcelos.
Tudo isso não necessariamente nesta ordem. Porque ordem pro Itamar não interessa muito.
Dizem que ele mal ensaiava para os shows. O que, no caso dele, não era um problema. Claro que Itamar sempre contou com bons músicos nos palcos, como o Gigante Brasil na bateria e isso ajudava bastante. Mas o cara parecia que gostava do risco e, como um bom maldito, ele sempre se saía bem.
Assisti Itamar meses antes de falecer. Ele escolheu um menino de menos de 10 anos como interlocutor naquela noite. Contava piadas para o moleque sobre como era ter o corpo aberto umas 6 vezes em cirurgias para dar uma segurada no câncer. Um homem com uma dor caminha mais elegante, dizia o amigo de Itamar, Paulo Leminski. Mas, definitivamente, sofrer não deve ter sido a última obra do Nego Dito.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Estranho...
terça-feira, 1 de julho de 2008
Continuando a heróica publicação de trechos autênticos retirados de um diário de um jovem militante combatente pela revolução. Na linha de clássicos diários como os de Anne Frank, Nina, Luluzinha, Mafaldinha.
1º de maio
Camarada Diário
A paciência é uma virtude revolucionária!
A PACIÊNCIA É UMA VIRTUDE REVOLUCIONÁRIA!
Repito isso faz mais de uma hora.
Mas minha paciência esgotou.
Por que teve que acontecer logo comigo?
Logo eu que me preocupo tanto com as classes mais oprimidas desse país e do mundo? Fui pra passeata do Primeiro de Maio. Deixei o carro perto e fui até lá a pé. Quando voltei: CADÊ O MEU CARRO? O carro que meu pai me deu de presente. Poxa vida, tanta gente má para ser roubada e levam logo o carro de uma pessoa que luta por igualdade para todos? Será um pensamento pequeno burguês desejar o pior para os caras que o roubaram? Sábado tem curso de formação, não posso esquecer de perguntar qual a nossa posição sobre Lumpens Proletários que roubam carros.
1º de maio
Camarada Diário
A paciência é uma virtude revolucionária!
A PACIÊNCIA É UMA VIRTUDE REVOLUCIONÁRIA!
Repito isso faz mais de uma hora.
Mas minha paciência esgotou.
Por que teve que acontecer logo comigo?
Logo eu que me preocupo tanto com as classes mais oprimidas desse país e do mundo? Fui pra passeata do Primeiro de Maio. Deixei o carro perto e fui até lá a pé. Quando voltei: CADÊ O MEU CARRO? O carro que meu pai me deu de presente. Poxa vida, tanta gente má para ser roubada e levam logo o carro de uma pessoa que luta por igualdade para todos? Será um pensamento pequeno burguês desejar o pior para os caras que o roubaram? Sábado tem curso de formação, não posso esquecer de perguntar qual a nossa posição sobre Lumpens Proletários que roubam carros.
Marcadores:
Diário de um jovem revolucionário
segunda-feira, 30 de junho de 2008
El Roto
Como é conhecido Andrés Rábago, cartunista espanhol. Durante a ditadura de Franco ele adotou outros pseudônimos para publicar seus trabalhos. Hoje ele é definitivamente El Roto e publica suas tiras no jornal El Pais.
Mais? Aqui: http://www.ivys.es/babilonia/elroto.html
domingo, 29 de junho de 2008
Alguns momentos da Macarronada Cultural
Alguns momentos da Macarronada Teatral na Casa de Cultura Cora Coralina.
Dia 26 de julho o Brinquedo de Montar Brinquedo será servido como prato principal!
Dia 26 de julho o Brinquedo de Montar Brinquedo será servido como prato principal!
Banquete bandalha
Ontem fomos servidos como prato de entrada do banquete organizado pela Cia. Xis da Casa de Cultura Cora Coralina. Além da companhia anfitriã pudemos conhecer outros grupos como o TEDA e o Grupo Vital. O último atua com moradores da região do Campo Limpo há 18 anos e apresentou naquela tarde o espetáculo “Nossa Língua”.
Os bandalhas agradecem as companhias e em especial a Cia. Xis por nos receberem tão amavelmente em sua casa. O próximo banquete está marcado e convidamos todos os leitores deste distinto brógue.
Vejam as fotos no nosso fotolog: donabandalha.nafoto.net
Brinquedo de Montar Brinquedo
Casa de Cultura Cora Coralina
Praça Floriano Peixoto, 54 – Sto. Amaro
26/07
15h
Grátis
sábado, 28 de junho de 2008
Assinar:
Postagens (Atom)